Sexta-feira, 13 de Junho de 2008

o sexo e a cidade de santo antónio

É um facto que a masturbação não é tão satisfatória quanto o sexo, e lá porque o Woody Allen conseguiu a proeza, nada desprezível, de juntar na mesma película a Scarlett Johansson e a Penélope Cruz a realizar certas e determinadas actividades (ainda não vi, mas estou a imaginar e confesso que que parece bastante interessante), não deixa de ser um palerma ao dizer que um a masturbar-se é um a fazer amor com quem mais ama, uma citação tanto mais parva por, nomeadamente e mormente, a masturbação não incluir determinadas variáveis pelas quais se nutre particular interesse e admiração, como por exemplo, seios. A se pergunte o porquê de uma tão profunda reflexão, a verdade é que estive ontem nas festas populares de Lisboa. 

 

Jantei no Santo António, e repare-se que após oito horas sem comer, até me podiam ter servido larvas da mosca tsé-tsé embebidas naquela gosma que escorre das aranhas quando são esmagadas, que me sentiria como se num festim de Baco. A não ser, é claro, que o restaurante achasse boa ideia servir sardinhas com batata frita (?), e uso a palavra "sardinhas" com a mente o mais aberta possível, sem broa, sem pimentos assados, sem saladas, sem gelo na sangria, com a cerveja quente, as padas tão rijas que se podiam assentar para começar a construir o Fort Knox e o doce coagulado. E se não me sentisse como numa colonoscopia sem anestesia, até valia a pena ouvir o empregado, que as sardinhas eram mesmo assim, que o pão já tinha saído do saco assim, que os ovos do doce não tinham sido mexidos como adeve de ser, que tudo aquilo era causa da hora tardia. Alô, restaurantes da Baixa Chiado!, é uma noite em que o mínimo de esforço saca mais que um mês de trabalho, e armados a parvos ficam-se por um serviço que nem no tasco das pielas do liceu, e olhem que estamos a falar de um sítio se servia o gelado com mãos de sujidade entranhada por baixo das unhas.

 

Encheu? Encheu, sim senhor! Saí tão farto que me agoniava cheirar as febras e entremeadas que se brasavam por Castelo e Alfama, e nem ao chegar a casa me deu para a torradinha de final da noite. Agora, satisfez? Ia dizer, num sentido metafórico altamente impressionante pela versatilidade e imaginação, que esperava que o tal jantar fosse nada menos que o equivalente a uma sessão de sexo louco e apaixonado, e teria acabado por ser como uma inconsequente sessão manual, não fosse ter pecebido que paguei por aquilo, e estamos a falar num preço em que famílias inteiras vivem com menos por mês, pelo que acabei como o cliente a pagar à meretriz. E não uma menina de luxo como se vê nas notícias dos senadores dos E.U.A., mas mais na linha das velhas da variante de Cacia em Aveiro, desdentadas e com uma verruga no nariz com três pêlos espetados.

 

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publicado por Rui às 23:00
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3 comentários:
De Luís a 14 de Junho de 2008 às 12:40
Finalmente uma descrição das noites de Santo António que me satisfaz e agrada! É A altura do ano para essa malta para ganhar dinheiro e nem lhes passa pela cabeça oferecer um serviço de jeito. Porquê? Porque quem vem todos os anos virá todos os anos. E quem vem e não gosta, para o ano, será substituído por outro papalvo para o ano que vem. A questão é que se oferecessem um serviço de jeito, teriam dinheiro para levar todos os 15 filhos à universidade. e depois quem cuidava da barraquinha das sardinhas? O Povo é quem faz a festa e é o Povo quem pior é servido.


De Nuno a 15 de Junho de 2008 às 23:31
Concordo inteiramente. Em Portugal somos mal servidos, porque se deixarmos de lá ir, aparecerão outros papalvos a quem sacar umas massas!

Depois falam em crise. Claro que se as pessoas são mal servidas, não vão torrar o seu sangue suor e lágrimas num sítio mal amanhado, sendo mal-tratados e ludibriados.

Mas é Santo António em Lisboa...


De Rui a 16 de Junho de 2008 às 20:12
Não é "mal servidos", apenas fomos servidos "fora de horas". ;)


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