Agora que está presente a questão da avaliação dos professores e dos problemas da Educação, gostaria de perceber exactamente o porquê d' O Ensino Superior não ser visado nas reformas. O cargo de professor universitário tem de ser o melhor estatuto em Portugal, com todos os benefícios e muitas dúvidas em relação aos "deveres". Óptimos salários, os benefícios das instituições públicas, uma muito beneficiada imagem social que nem os problemas dos docentes do Ensino Obrigatório beliscam, imensa flexibilidade de horário, nem sequer a pressão constante de comissões de avaliação ou semelhantes.
Pode ter sido apenas um mau acaso, mas da maioria dos professores com quem me cruzei, o conceito de "dever" era coisa vaga. Faltarem às aulas por estarem "mal-dispostos", esquecerem-se dos exames e serem lembrados por telemóvel (!), enviarem ao assistente as perguntas do referido exame para as escrever no quadro, acumularem cargos que afectavam os horários das aulas, darem notas tão descontextualizadas que era óbvio que nem para os trabalhos tinham olhado (isto quando se lembravam de darem as notas e não precisavam de serem recordados, por telemóvel, que tinham um prazo para o fazer), admitirem que o tanto trabalho que tinham para fazer era tanto que as aulas do semestre não seriam dadas, despacharem as apresentações porque, admitiam, estavam "com dor de cabeça", repetirem, ad nauseam, a exacta mesma matéria ao longo de diferentes cadeiras em diferentes anos, aproveitarem os alunos para realizar o trabalho mais pesado do doutoramento. Argumenta-se que aos alunos do Superior é exigido um nível de entrega e trabalho que não se compadece com aulas interessantes, mas é uma ideia tão rasa que permite a determinados "profissionais" do ramo não prepararem as aulas, limitando-se a ficarem sentados enquanto debitam discursos monocórdicos sem um acetato, um Powerpoint, uma bibliografia.
Com este chorrilho de disparates, não foi um acaso que o curso tivesse encerrado portas, e ainda menos um acaso que todos os meninos acima referidos tivessem continuado confortavelmente instalados, sem uma prestação de contas profissionais ou sequer uma preocupação em relação ao futuro dos alunos de quem se disseram preocupados. Mas o futuro desses alunos é motivo para uma próxima oportunidade...