Quarta-feira, 30 de Abril de 2008

O estado universitário, pt. I

Agora que está presente a questão da avaliação dos professores e dos problemas da Educação, gostaria de perceber exactamente o porquê d' O Ensino Superior não ser visado nas reformas. O cargo de professor universitário tem de ser o melhor estatuto em Portugal, com todos os benefícios e muitas dúvidas em relação aos "deveres". Óptimos salários, os benefícios das instituições públicas, uma muito beneficiada imagem social que nem os problemas dos docentes do Ensino Obrigatório beliscam, imensa flexibilidade de horário, nem sequer a pressão constante de comissões de avaliação ou semelhantes.

 

Pode ter sido apenas um mau acaso, mas da maioria dos professores com quem me cruzei, o conceito de "dever" era coisa vaga. Faltarem às aulas por estarem "mal-dispostos", esquecerem-se dos exames e serem lembrados por telemóvel (!), enviarem ao assistente as perguntas do referido exame para as escrever no quadro, acumularem cargos que afectavam os horários das aulas, darem notas tão descontextualizadas que era óbvio que nem para os trabalhos tinham olhado (isto quando se lembravam de darem as notas e não precisavam de serem recordados, por telemóvel, que tinham um prazo para o fazer), admitirem que o tanto trabalho que tinham para fazer era tanto que as aulas do semestre não seriam dadas, despacharem as apresentações porque, admitiam, estavam "com dor de cabeça", repetirem, ad nauseam, a exacta mesma matéria ao longo de diferentes cadeiras em diferentes anos, aproveitarem os alunos para realizar o trabalho mais pesado do doutoramento. Argumenta-se que aos alunos do Superior é exigido um nível de entrega e trabalho que não se compadece com aulas interessantes, mas é uma ideia tão rasa que permite a determinados "profissionais" do ramo não prepararem as aulas, limitando-se a ficarem sentados enquanto debitam discursos monocórdicos sem um acetato, um Powerpoint, uma bibliografia.

 

Com este chorrilho de disparates, não foi um acaso que o curso tivesse encerrado portas, e ainda menos um acaso que todos os meninos acima referidos tivessem continuado confortavelmente instalados, sem uma prestação de contas profissionais ou sequer uma preocupação em relação ao futuro dos alunos de quem se disseram preocupados. Mas o futuro desses alunos é motivo para uma próxima oportunidade...

 

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publicado por Rui às 19:41
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Terça-feira, 29 de Abril de 2008

Contrastes

Não sei se Lisboa é uma cidade de contrastes, mas não me lembro de ver este género de coisas em Aveiro ou Coimbra. E infelizmente não tinha uma câmara digital à mão, pelo que as imagens a seguir apresentadas são apenas, enfim, uma apresentação.

 

Há alguns meses passei pelo Parque Eduardo VII, justamente esse mítico local da capital que, para quem não seja de cá, é um antro de prostituição, tráfico de drogas e coisas ainda menos recomendáveis. Foi por com surpresa que por ali vi algumas galinhas a debicar o chão, cacarejando anafadas, tal como as recordava das férias no Alentejo. Isto enquanto a alguns metros se mantinham algumas meninas que, pela aparência e postura, não deixavam dúvidas da sua profissão isenta de contribuições à Segurança Social.

 

 

Hoje, a caminho do trabalho, dei de caras com um Mercedes SLR, uma viatura da qual, me garantem os experientes na matéria, ser assim um topo de gama tão elevado que em Portugal existe apenas uma meia-dúzia, todos eles acessíveis apenas após longos meses em fila de espera e ainda mais longas carteiras. Mas mesmo ao lado do famigerado, passava um amolador de facas, uma daquelas personagens com os característicos carrinhos, e ao qual nem faltava a gaita de beiços, aquele som tão típico, exactamente como o recordava das férias no Alentejo.

 

 

Enfim, vale o que vale, e até podia continuar pela Avenida da Liberdade apresentar algumas das lojas mais chiques da cidade bem ao lado de alguns dos mais miseráveis dos miseráveis, mas enfim, fiquemos por aqui.

 

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publicado por Rui às 20:39
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Ideias de Jericó...

Está na cara. Tão na cara como o nosso próprio nariz. em qualquer situação em que um chão de tijoleira ou até mesmo de taco necessite de uma limpeza a fundo a única solução viável é e sempre será vestir fatos em "tecido-de-pano-do-pó" a três ou quatro miúdos de três anos e dar-lhes um carrinho ou uma bolita que salte pouco. Não me parece que o brilho demore mais que quinze, vinte minutos a se mostrar...
publicado por Luís às 19:15
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Sexta-feira, 25 de Abril de 2008

O 25 de Abril

Cavaco Silva disse estar "impressionado" com a ignorância dos mais novos em relação ao 25 de ABril. Que os jovens não queiram saber dos acontecimentos do Largo do Carmo, quando existe tanto para saber sobre a nova tatuagem que o Bill Kaulitz fez ao comemorar dezoito anos, é coisa que não me levanta uma sobrancelha. Mas que o Presidente da República venha demonstrar uma pública impressão, isso é que me faz cerrar os folículos pilares acima dos olhos numa única e espessa linha recta.

 

Tens de perceber, Cavaco, o 25 de Abril foi das revoluções mais mariquinhas de sempre. É um facto. Os franceses tiveram a sua lá pelos séculos XVIII, invadiram a Bastilha, decapitaram reis e rainhas, falaram de coisas engraçadas como igualdade e fraternidade. Os E.U.A. gostaram tanto da Festa do Chá e de tudo o que veio a seguir (coisas também engraçadas, como uma constituição escrita, a primeira de sempre, e a declaração de direitos do indivíduo) que desde então nos têm massacrado com filmes, séries e jogos. Os russos, que com todo aquele orgulho vermelho da Mãe-Pátria não gostam de ficar atrás nestas coisas, também se meteram em picardias contra o Governo, e com tanto sucesso que até foram copiadas pelos Irlandeses (assim como os Dimitri, também os O'Hara tiveram o seu domingo mais complicado) e cantadas pelos U2. Haverá melhor sinal de uma espectacularidade revolucionária quando é copiada por outros países e cantada pelo Bono? Não, não há.

 

Mas, quer dizer, e o 25 de Abril, Cavaco, deu-nos o quê? Um filme no qual se dá uma revolução armada (sim, senhor, com tanques e armas e generais e etc.), mas onde nem uma balazinha é disparada? Com tão pouco que havia para contar (com uma revolução de um único dia, o filme até se podia ter passado em tempo real, como aquela série do Jack Bauer), o mais falado do filme até acabou por ser o facto do personagem principal conseguir falar sem juntar as palavras aos movimentos dos lábios. Um talento muito engraçado para as festas, mas parece-me pouco para fascinar as gerações futuras, em especial quando há tanto a fazer para ajudar o Master Chief a dar cabo do Covenant.

 

Mas há, Cavaco, uma questão muito mais profunda em toda a ignorância que os jovens demonstram ao 25 de Abril, porque este é a melhor demonstração do portuguesismo que sempre tomou conta dos nossos políticos. Repara, que fizeram os detentores do poder de então, ao saber que havia gente a querer limpar-lhes o sebo? Como Salvador Allende, barricaram-se no palácio até que finalmente fossem apanhados? Como Hitler, enfiaram-se num bunker blindado com uma ruiva atraente que desejava fazer coisas, digamos, interessantes, até que tudo aquilo acabasse? Como Mugabe, iniciaram voltas e revoltas políticas para não terem de responder por todas as macaquices que andaram a fazer? Não, encolheram os ombros com um tão português "já me vão meter daqui para fora, não é? Pois, lá tem de ser! Isto está cada vez pior, não sei o que vou fazer da minha vida!". E desistiram sem ao menos uma chamada às Forças Armadas a apelar à protecção do Governo. Tudo bem que eram justamente as Forças Armadas que lhes queriam limpar o sebo, mas é bom recordar que até nos nossos tempos tivemos polícias a meterem-se à bulha com polícias por causa de ideais e coisas assim.

 

É isto que queremos recordar, Cavaco? Ainda para mais quando o John Cena está aí para revalidar o título da WWE? Não me parece.

 

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publicado por Rui às 15:36
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Quarta-feira, 23 de Abril de 2008

Entrada proibida

Conhecidas minhas estão a planear um fim-de-semana no Algarve "só de gajas", e admito que acho a ideia fabulosa: um programa só para mulheres quando aquilo que as mulheres menos gostam é da companhia de outras mulheres.

 

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publicado por Rui às 23:59
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Sábado, 19 de Abril de 2008

Viagem à roda do meu nome

Não gosto do meu nome. Pronto, está dito. É verdade, há coisas mais importantes para as quais reflectir, como por exemplo tanta gente se preocupar mais com o desemprego dos licenciados e menos com o facto de os cursos superiores não fazerem absolutamente nada para preparar os alunos para O Trabalho. E também há coisas mais mesquinhas com as quais me aborrecer inutilmente, como quando a entrar no metro de Lisboa há gente que não sabe ocupar o espaço da carruagem e mete-se ali mesmo à entrada, sem se desviar um milímetro. Haverá coisa que dê mais razão ao nascimento de um serial killer que esta gente que não se sabe desviar para o lado e fica ali a atrapalhar a vida de toda a gente que quer entrar e sair? Não, não há.

 

Mas enfim, o nome. Ora, um nome testa-se pela versatilidade. Um Luís pode ser um britânico Louis, um francês Louie, um italiano Luigi, um alemão Ludwig. Catarina, por sua vez, passa pelo inglês Catherine, pelo francês Catherine (escrevem-se da mesma maneira, mas a versão francesa é muito mais sexy), o russo Екатэрина (para aqueles que não sabem russo, como por exemplo toda a gente, incluíndo eu, lê-se em algo como Iekaterina). Com isto é fácil perceber que um nome também se experimenta nas raízes históricas (históricas, não "estóricas" - maldito acordo ortográfico!). Dos exemplos acima, temos dezenas de reis Louie em França, um Ludwig van Beethoven na Alemanha, um Luigi que é irmão do Super Mario, aquela música "Louie, Louie", dos Kingsmen. Já Catarina tem a homóloga russa Екатерина II Великая (aquela, A Grande), a Catherine Zeta-Jones, até uma graçola fácil entre a condição de ser mulher e o Katrina podia ser feita.

 

Mas mais ainda, porque o verdadeiro poder de um nome vem com as possibilidades que abre ao nível das rimas. Nada mais expressivo para uma declaração apaixonada, um insulto inflamado, ou apenas uma gracinha fácil, que o nome da pessoa visada com uma rima. Para os apaixonados temos "João, só de te ver palpita meu coração!" ou "Catarina, só de te ver tremo como gelatina!", o que até pode soar muito foleiro, mas a paixão e a razão sempre mantiveram pouca companhia. Mas então, para quem queira o insulto fácil, "É tão banana, a Mariana!" ou "Que nojenta ratazana, aquela Joana!". Ou até, para os momentos mais humorados, "José, José, José, vai já lavar esse pé!" ou "A Camila está tão tranquila que até rejubila!". Logo por aqui se percebem as possibilidades. Agora, com o meu nome, enfim, "Quando à loja fui, bati numa pedra e ui!"? Nem faço comentários.

 

Esta algaraviada sem sentido nenhum (sou especialista em verborreias escritas, é uma qualidade que me bem me podia ter levado para a Assembleia da República, mas não, e culpo a minha psicóloga do nono ano por isso, que  não me soube orientar nestes complexos meandros da vida adulta) para dizer que a partir de agora os meus artigos vão ser assinados com o nome próprio. Nunca tinha pensado, mas não há sentido nenhum em que fosse eu a assinar como Bloquito, quando este é criação de dois. E também não havia nenhuma necessidade de toda esta explicação, ´mas para quem queira reclamar, é favor ler este parágrafo desde o início com atenção.

 

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publicado por Rui às 12:52
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Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

Urina mental...

Tive, no liceu, um amigo que tinha personalidade já concluída mas que a maioria dos colegas de turma desconhecia sequer a sua existência. Um amigo que, como todas as pessoas, tinha pontos fora do comum. Um deles era que, quando víamos os colegas ditos "fixes", com pinta de surfista e cabelo milimetricamente penteado, os baldas rebeldes, reinvindicativos, a saírem com as raparigas todas, ele dizia do alto da sua experiência de 15 anos de idade:

 - Pá, não se preocupem. Daqui a uns anos, quando eles e elas estiverem a trabalhar todos em lojas de shopping ou no Mac, vocês vão ver.

 

Isto passou-se há muitos anos atrás. Ambos temos cursos superiores, agora (do que quer que seja que isso valha). Mas engraçado o suficiente é o sonho que tive esta noite.

Sonhei que me encontrava com esse amigo numa cozinha/sala/divisão qualquer (sabem como são os sonhos). Entretanto entra uma colega nossa de liceu, jeitosa, loura por dentro e por fora, mascando pastilha elástica (ou gama, como lhe chamam por aqui em S. Miguel). Comecei a conversar com ela e ela nem olha para o meu amigo, mesmo ali ao lado.

 - Lembras-te de Fulano? - perguntei eu. Ela nem se apercebe de que estou a falar da pessoa ao lado dela. Fica com um olhar vago, vazio de qualquer centelha da outrora beleza que víramos nela enquanto adolescentes.

 - Fulano... Fulano... Não, não estou a ver... - e masca mais pastilha, mexendo no cabelo.

Entretanto, o meu amigo rasga um canto de uma folha de papel onde tinha escrito algo e entrega-o à rapariga, saindo de seguida. Olhei também para o papel e vi que tinha escrito, num tom de troça "Nhã-nhã-nhã-nhã-nhã!"

 

Acordei a rir, por magra piada que tenha, mas deu-me o que sorrir enquanto me vestia.

publicado por Luís às 12:09
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Nem vás por aí...

Os limites assuntuais. Diferentes pessoas geram diferentes limites e fronteiras perigosas e pantanosas nas conversas. Há sempre um sentimento interior gritante (não finjam que não o ouvem) que nos diz quais os tópicos possíveis de serem tocados e aqueles que são inerentemente tabu em discussões banais e corriqueiras. Aqueles temas que... bom, que sabemos que vão, concerteza, gerar um bate-boca do tamanho da Terra. É aí que entra o tacto. Há quem procure diariamente discussões e vá cair sempre nesses mesmos assuntos. Arestas concorrentes das figuras geométricas das almas dos humanos. Há quem as consiga dobrar em nome da boa convivência social, há quem as afie de propósito, em busca de combates diários que lhes dêem que pensar nas noites frias, solitárias e em branco que passam depois dentro das suas próprias mentes.

 

Será possível evitar para sempre esses confrontos? Será possível passar 5, 10 ou 15 anos a conviver com alguém com quem se sabe que "se ele me fala naquilo, passo-me já!" ? Não são discordâncias profundas, nem será cobardia evitar tais desaguisados. Serão coisas tão banais como a forma correcta de abordar e conversar com uma rapariga sem a aterrorizar ou respostas a perguntas como "o que é que fazes com o teu tempo livre?" Há quem abomine o facto de existir alguém que o passe a fazer (imagine-se!) nada.

Existem depois questões como "que pensas da adopção?" ou "a idade certa para se ter filhos?" Aparentemente existe algures um relógio biológico que requer... melhor, obriga hordes de seres humanos a terem filhos antes de determinada data ou idade. Independentemente de estabilidade financeira, emocional, fiabilidade no presente relacionamento ou até mesmo disponibilidade para educar condignamente uma criança. "Deixa-se na avó!" É preciso é pôr miudagem no mundo porque "tem que ser antes dos 25!". Pronto ou não, aí vai ela!

 

Creio que saber evitar esses limites assuntuais será uma arte. Já lhe chamaram Diplomacia, mas acho que é uma Arte, mesmo. As intrincadas curvas, as mudanças de assunto no sítio certo, na altura certa, a escolha correcta de palavras em fracções de segundo... Tudo em prol de 45 minutos de almoço, momento supremo de descanso, sem embates. Saudações a todos aqueles que têm a coragem de Não andar sempre a dizer "Ah, comigo é assim! O que tenho a dizer digo logo!"... Facas e adagas em riste permanente.

publicado por Luís às 11:32
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Mas que coisa, Deus!

Nada existe de mais complexo que o ser humano. É por isso que não estou para acreditar em Deus: o conceito de Deus implica algo ainda mais complicado que a cabeça das pessoas, e existir algo ainda mais parvo que estas gentes é onde traço uma linha. Se Deus, Puro e Perfeito, criou o Homem à sua imagem, é esta criação superior que permite anúncios de televisão com jogadores de futebol? Foi para isto, bom Deus, que andaste tão laboriosamente a dedicar-te à criação de, bem, de Tudo! Seria fácil gozar com o Cristiano Ronaldo e o BES, e que o rapaz nem um discurso articulado tem, mas já o Luís Figo, que até tem mais idade para ter juízo, anda a fazer figuras a sair do armário para anunciar a um casal que estão convocados. Repare-se que a a expressão "sair do armário" não implica aqui nenhum tipo de revelação de homossexualidade de Luís Figo. O facto é que o jogador sai mesmo de um armário no quarto do casal, e o que é que Luís Figo, um dos mais prestigiadas figuras a colaborar para o prestígio de Portugal junto das mais prestigiadas entidades e instituições europeias e mundiais, está a fazer dentro de armário alheio, e como é que foi lá parar, é coisa que nunca é revelada. Uma pena, porque aposto que a revelação, por mais pateta que fosse, conseguiria ser mais interessante que o anúncio, que de facto é muito pobrezinho. Para não dizer parvo.


Já em tempos Nuno Gomes fez das suas, ao prometer, na televisão pública, pagar em golos no Mundial de 2002, o Big Mac que estava a emborcar no McDonalds, e para o qual não tinha dinheiro. A Selecção ficou pela fase inicial, levou três secos da Coreia do Sul no último jogo (ainda que o João Pinto, coitadinho, tenha sido barbaramente agredido na mão pela barriga do árbitro, uma enorme mágoa que terá chorado no seio da Marisa Cruz, uma imagem que, a ser revelada, teria sido muito mais interessante que qualquer patacoada de futebol) e o McDonalds ainda hoje espera que Nuno Gomes pague o que deve. Como é que um jogador de futebol, acabado de sair do seu BMW Z3, envergando umas calças Gucci e um casaco Versace, não tem dinheiro para um Big Mac, é coisa que nunca é revelada. Uma pena, porque aposto que a revelação, por mais pateta que fosse, conseguiria ser mais interessante que o anúncio, que de facto era muito pobrezinho. Para não dizer parvo.

 

Culpo Deus por tudo isto, obviamente. Como supremo administrador de, bem, de Tudo!, está muito pouco atento às novas exigências empresariais, da dedicação empenhada e impecável, do amor à camisola. Nosso Senhor criou, bem, criou Tudo!, durante seis dias, e descansou ao sétimo. Com o estado em que anda o mundo, com estes anúncios de jogadores de futebol a pulular por toda a parte como coelhos no cio (além de outras coisas que, é verdade, também não são bonitas, como a guerra e a fome), está-se mesmo a ver que um certo Alguém devia mas era ter feito aquele último esforço extra naquele último dia para garantir que a Criação era entregue em termos impecáveis. Como não esteve para se chatear e foi-se meter de papo para o ar na linha de Cascais, ou lá para onde é que Deus vai quando não se está para chatear com a Criação, está, bem, está Tudo!, no estado em que está.

 

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publicado por Rui às 00:16
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Sábado, 12 de Abril de 2008

Crohn

A Doença de Crohn é uma inflamação que atinge os intestinos e cujos sintomas iniciais são semelhantes aos de uma apendicite, com dores e inchaço na zona baixa da barriga. O evoluis das mazelas pode incluir dores intensas, náuseas, diarreias, vómitos, entre outras coisas bonitas. Não se conhecem as causas exactas, e as teorias científicas apontam para uma conjugação de tendências genéticas, factores ambientais e a presença de determinados microorganismos. Não é conhecida uma cura, fica para a vida toda, e apresenta flutuações na intensidade dos sintomas, com aqueles momentos em que um está tão mal que até levantar da cama é o atrofio (quanto mais ir trabalhar). O mais chato/aborrecido/irritante/etc., no entanto, talvez seja a dieta pateta que é necessário fazer, tão restrita que não lembra nem aos monges tibetanos. Estão proibidos os habituais culpados da alimentação dos nossos dias, como fritos, gorduras, temperos abusivos, alcóol, fast food, mas também leguminosas (feijão, grão-de-bico, ervilhas), determinados vegetais e frutos, leite, cereais, e de uma maneira geral tudo o que tenha um grande teor de fibras. É por isso que existe um sintoma nos pacientes de Crohn, não documentado, mas extremamente certeiro, de atirar a televisão pela janela fora quando passam aqueles anúncios das fibras ajudarem a regular o trânsito intestinal.

 

A cantora Anastacia levou uma cirurgia aos intestinos com treze anos, e se algumas imagens não mostrarem aquela cicatriz na barriga, é porque levaram com o tratamento Photoshop


Agora, Crohn parece nome de um dos maquiavélicos deuses da antiguidade (nas histórias de Robert E. Howard o grande deus era Crom). Há um par de anos, estudos usaram o Viagra para combater a doença, o que pode dar origem a slogans engraçados como "O Viagra e Crohn: Faça amor, pela sua saúde!". Além disso, uma das mais conhecidas figuras com a doença de Crohn é a cantora Anastacia, que por certos e determinados motivos, os quais não me darei ao trabalho de explicar, merece ser amplamente analisada como caso de estudo. Anastacia é uma das que acredita que a doença tem origem em factores emocionais, ou como a repressão de sentimentos só pode dar caca, e considera que ter a doença a ajudou a descobrir-se enquanto pessoa e a elevar-se enquanto ser humano. Já o guitarrista dos Pearl Jam, Mike McCready, é um pouco mais sóbrio e admite que o grupo de Seattle por mais de uma vez cancelou concertos por McCready se estar a desfazer no WC. O antigo presidente dos E.U.A., John Kennedy, também padecia de Crohn, mas esse também sofria de tudo e mais alguma coisa, pelo que uma inflamação a mais ou a menos nem conta. Marvin Bush, o irmão mais novo de George W., é que não deve ter grandes teorias acerca da inflamação intestinal o ter ajudado enquanto ser humano, pois usar um saco de colostomia é onde se traça uma linha entre cantarolar como tudo na vida é belo e merece ser vivido, e entre as coisas como elas são. Finalmente, o escritor Mark Millar pode não ter o absurdo de Kafka ou a crueza de Hemingway, mas é o autor de The Ultimates. E os Ultimates, já se sabe, são o máximo!

 

Acima, um detalhe da página óctupla (não é dupla, nem tripla, nem quádrupla, é mesmo 8x) da última edição de The Ultimates

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publicado por Rui às 16:03
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