Sábado, 28 de Junho de 2008

a canção de lisboa

Morar no centro de Lisboa com mais doze pessoas, onde se vão incluíndo, a seu tempo, portugueses, brasileiros, espanhóis, alemães, britânicos, franceses, italianos, polacos, checos, japoneses e indonésios, faz quem não sabe lançar petardos como ah, deve ser giro morar assim com muita gente, ou, pois, porque dá para fazer muitos amigos assim, não é. Ainda há pouco tempo me perguntaram se os únicos amigos que tinha em Lisboa eram aqueles com quem morava, ao que respondi, todo ferido na minha sensibilidade e bom senso, que não, claro que não, lá alguma vez, se isso tinha algum jeito! Que maneira de iniciar uma amizade, a começar por viver com os candidatos a amigos. Morar com mais gente é assim, latu sensu, como estar casado, mas sem os momentos mais íntimos e profundos, como sexo, e um casamento começa onde se testa a paciência para pormenores como vem já arrumar as cuecas que deixaste no chão da cozinha!, ou de quem são estes pêlos no lavatório!, ou veste já as calças, porco nojento! Digam-me que haverá maneiras mais interessantes de começar uma amizade, como por exemplo, todas as outras, e eu irei concordar.
 

Apesar de tudo, graças a isto fui pela primeira vez publicamente acusado de um crime. Um crime! Nada de espectacular que garantisse um julgamento em Nuremberga, quanto muito um tribunal da comarca portuguesa, mas ser acusado pela primeira vez não deixa de ser uma primeira vez, acredito, tão especial quanto aquela outra. Acredito, porque não conheço ninguém que tenha sido publicamente acusado de um crime, a não ser pessoas como o Valentim Loureiro ou a Fátima Felgueiras, e tratar esses por "pessoas", como em "seres humanos", também é exagerar. E também porque ainda estou à espera que a outra primeira vez aconteça, para comparar. Mas ainda que as hipóteses de ter cometido o crime fossem tão remotas como a Jeniffer Aniston aninhar-se no meu ombro a perguntar quando regressava para a cama, o facto é que acusatium jacta est, a acusação estava lançada, e a minha hiperactiva mente disparou a ver a polícia a arrombar a porta, com forças tácticas a rebentarem as clarabóias lançados de helicópteros enquanto um megafone troava, ameaçador, que a melhor opção era a rendição, ao que responderia lançando-me da janela, uma queda da qual, apesar de morar no terceiro andar, iria sobreviver de uma maneira que iria parecer absolutamente plausível e tornar-me um foragido, a viver debaixo de pontes e alimentar-me de carcaças podres do lixo, até ao dia em que limpasse o meu nome de uma maneira tão espectacular que seria transformada num filme de muito sucesso, com o Brad Pitt no principal papel. Mas ainda há gente que acredita que a realidaade é mais estranha que a ficção, o que significa que andam a precisar de ler as bandas desenhadas que tenho na estante, e como tal bastaram cinco minutos para esclarecer o embróglio e fazer-me regressar à pacata vida.
 

 

Não se deixem enganar, não aconteceu porque (ainda) não me conheceu

 

Pacata vida essa onde tão peculiar moradia se insere, e com particular particularidade na compra dos bens comuns, porque sendo o ser humano um animal que se organiza de modo a atribuir as diversas tarefas comuns a quem demonstre superiores capacidade, resulta em quem seja mais preguiça a encontrar as maneiras mais inusitadas de se livrar do abacaxi, e se o ser humano revela particular sagacidade e imaginação na altura de se livrar de abacaxis! É assim que me vejo na fila do Pingo Doce a carregar o equivalente a um mês de papel higiénico para treze pessoas. Se há coisa que me chateia nas filas do Pingo Doce, além dos velhos a contar moedas de um e dois cêntimos para conseguirem dois euros e cinquenta e seis cêntimos até que se cansem e passem os trocos para a menina da caixa, pedindo para ela tirar dali o que precisa, é a cara das pessoas que me vêm com o equivalente a um mês de papel higiénico para treze pessoas, e mesmo que não saibam o motivo de eu estar a carregar o equivalente a um mês de papel higiénico para treze pessoas, ficam com aquela cara de deves mesmo ir torrar esse papel higiénico todo, até parece que moras com mais doze pessoas, seu tarado! Mas que gente mesquinha, esta. Sabem lá da minha vida! Posso ter um fétiche com papel higiénico. Posso estar com uma doença inflamatória intestinal que me faz quase desmaiar na casa-de-banho após ingerir uma desconhecida especialidade italiana. Posso estar a esconder seres de uma imensamente poderosa raça extra-terrestre que ameaça destruir o planeta se não lhes der todo o papel higiénico que exigirem. Que é que vocês têm a ver com isso para me estarem a olhar dessa maneira? Até aposto que esta gente que me fica a olhar na fila do Pingo Doce quando passo com o equivalente a papel higiénico para treze pessoas durante um mês é a mesma malta que comenta as notícias na edição online do Expresso, espécimes para quem, qualquer que seja a notícia, é a causa de tudo o que está mal no país. O primeiro-ministro anunciou um aumento de dois por cento no IVA? O Neil Gaiman não vai lançar uma edição comemorativa do vigésimo aniversário de The Sandman? O Cristiano Ronaldo está a namorar com uma espanhola podre de feia? Todas essas notícias podem ser relacionadas, de uma maneira que para essa gente deve parecer absolutamente plausível, ao facto de o país estar como está. É por causa desta gente, que me olha na fila do Pingo Doce quando estou a carregar o equivalente a um mês de papel higiénico para treze pessoas e que comenta na edição online do Expresso, isso sim, que o país está como está.


P.S.: mais uma primeira vez, ainda que não tão espectacular quanto as anteriores, este foi o primeiro artigo de sempre a ser escrito num comboio, mais precisamente no I.C. de 27 de Junho de 2008 das 21h30m entre Lisboa Santa Apolónia e Aveiro, e apesar de castigar o teclado durante toda a viagem, e podem consultar as páginas da CP para perceber os intervalos de tempo envolvidos, ainda tive de esperar até chegar a casa para terminar. Para perceberem o nível de insanidade dedicação, e também porque está uma menina poderosa de boa na carruagem, e sei que ela irá, de uma maneira que irá parecer absolutamente plausível, descobrir o Bloquito(s), ler isto, apaixonar-se loucamente pela grande personalidade que revelo, e quando perceber que estava na mesma carruagem do autor, iniciar uma louca procura a terminar, de uma maneira também ela a parecer bastante plausível, a bater-me à porta e a dedicar-me eterno amor. Um momento que, apesar de tudo, poderá ser estragado se alguém passar a perguntar se fui eu que deixei aquela louça toda na pia.

 

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publicado por Rui às 14:40
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Sábado, 21 de Junho de 2008

dois a três

Agora que o sonho acabou e a armada germânica derrotou a milícia lusitana, é a altura de lançar umas ideias, e convém dizer que qualquer consideração técnica e estratégica sobre futebol passam-me ao lado como balas do Matrix, porque nem foi há muito tempo que me explicaram o ter o Ricardo Carvalho a central e como isso influencia o modelo de 4x4x2 do Scolari. A não ser, claro, que o modelo seja o 4x3x3 e eu continue sem perceber. Mas porque aprecio os bastidores de conluio, corrupção e chavascal que rodeiam o fascinante mundo da bola, vamos lá.
 

 - uma selecção de futebol é factor de divulgação do país: não tenho acesso aos avançados estudos de correlação futebol / indicadores sócio-económicos, mas será um argumento tão falacioso quanto a modelo que namora um jogador aumentar o valor da sua imagem. Sim, Merche, estamos a olhar para ti, tão valorizada enquanto andavas com o puto e tão chateada quando romperam e as agências diminuíram em muito os teus cachet! Uma país cria verdadeira divulgação, e não um pico orgásmico de um par de semanas, quando as empresas têm condições económicas de se fixarem no território e os turistas tem condições de acolhimento, algo que escapou por completo à grega que nos acompanhou durante os Santos Populares;

 

 - é um dever patriótico apoiar os "Viriatos": se isto fosse o filme "Superman Returns", este seria o momento em que um Kevin Spacey careca berrava "WRONG!". Parece-me um pénis de argumento achar que por todos estarem tão lacrimejantemente preocupados com os jogadores, eles hão-de ficar tão preocupados com todos, o que fica ainda mais parvo quando dois dias antes dos jogos se resmunga que "tudo neste país é uma merda". Mas posso ficar convencido no dia em que vir alguém chorar baba e ranho por o Nuno Delgado falhar a final dos Olímpicos;
 

 - o futebol é um propulsor de energias políticas e financeiras: o Euro 2004 podia ter sido uma oportunidade se tivessem considerado o que fazer com os estádios no após, se o evento fosse por todo o país em vez de ser enfiado no litoral, se houvessem ideias interessantes como deixar Benfica e Sporting a partilhar um mesmo estádio em vez de torrar duas mega-estruturas. Esta ideia deixaria a espumar os mais histéricos, como quem berrou o João Pinto como um símbolo vitalício da Luz que nunca iria sair, meses antes de ele mandar copular a todos e mudar-se para Alvalade, mas é isso que Inter e AC fazem no estádio de San Siro. E que dizer de exemplos como o Beira-Mar, com o estádio construído tão longe da cidade que torna ainda mais difícil a rentabilização, tornando o espaço um vórtice de mil euros diários que não sobrevive sem a autarquia, que não irá deixar cair uma instituição tão "fundamental" quanto aquela equipa.
 

Mas isto tem de ser o artigo mais inútil que escrevi. Já se fala na hipótese de uma candidatura conjunta com Espanha ao Mundial de 2018, uma ideia tão interessante quanto limparem-me o rabo com lixa de madeira, mas todos irão defraldar as bandeiras e exigi-lo, porque é uma oportunidade única, porque não se pode desprezar a imagem projectada, porque as oportunidades para a criação de empregos são imensas, ainda que a maioria destes vá para os imigrantes de Leste e de África nas obras e os licenciados servirem à mesa os visitantes. Esta semana o José Lello defendeu num debate da RTP o Euro 2004, argumentando que não tinham existido derrapagens orçamentais nos estádios e sim nas envolventes, mas que estádios e envolventes eram coisas distintas que não podiam ser confundidas, um argumento que prova que uma pessoa e um cérebro também são coisas distintas que não devem ser confundidas.

 

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publicado por Rui às 11:44
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Quarta-feira, 18 de Junho de 2008

influências

Ser uma pessoa altamente influenciável, para quem tudo o que lhe é dito por outro ser humano tem muito mais valor do que eu próprio possa considerar certo ou errado, é o tipo de coisa que não fica bem referir numa entrevista de emprego, ainda que nestas se diga que o essencial no sucesso pessoal e profissional é o indivíduo ser igual a si próprio, desde que, percebo, esse igual se restrinja a um certo e determinado grupo de características. É facto que ao longo da vida me tem dado o seu n de chatices, como quando duas pessoas de igual denominador hierárquico me ordenam para situações não-associativas e me deixam fisicamente paralisado enquanto a minha mente tenta processar todas as milhentas variáveis da equação.  

 

Além disso, eu era daquelas crianças que se levantavam às sete da manhã à espera que a mira técnica saísse da televisão para ver os desenhos animados e que lia os livro de "Uma Aventura" com uma rapidez tão absurda que os colegas diziam ser impossível "ler aquilo tudo tão depressa!", pelo que muito da minha educação passou por referências como robots gigantes que se transformavam em gravadores de cassetes e putos que nem o primeiro beijo da vida tinham sacado e já andavam atrás de larápios que até da Interpol fugiam. E, claro, com os super-heróis acreditei que bastava descer porrada para resolver qualquer problema, e se o bom desta questão é que nunca cheguei ao extremo de vestir as cuecas por cima das calças, o mau foi acabar por perceber que muitos governantes do mundo ainda não deixaram de pensar assim e sentam-se com as suas maciças erecções balísticas a decidir os destinos do mundo. 

 

Aconteceu não estranhar quando deixei de acreditar no Pai Natal, porque se há história suspeita é essa do velho gordo e preguiçoso que trabalha uma única noite em todo o ano a invadir casas alheias para agradar criancinhas, é o tipo de notícias que passam na televisão e em que os petizes não ficam propriamente com prendas, mas mais com coisas tipo traumas para o resto da vida, mas foi um trauma, isso sim, o conceito da inflação. Ali estava eu, com o Tio Patinhas, a acreditar como cada centavo poupado era cada centavo ganho, e cai, vinda do nada, implacável, a crise económica e todos os conceitos que gravitam em redor, para mostrar que nos nossos dias um cêntimo poupado hoje é, na melhor das hipóteses, meio cêntimo poupado amanhã. E tivessem-me explicado isso no então que eu hoje olharia com olhos bem mais sabedores o pato mais rico do mundo e para aquela mania, também altamente suspeita, de andar sem calças.

 

Nota: não quero parecer ingrato, é um facto que o meu pai desde sempre me tentou mostrar que a vida era complicada, mas, quer dizer, aos dez anos lá sabia qual era o conceito de complicado, aos quinze já sabia muito bem esse significado, e melhor que ninguém!, porque qualquer pessoa com quinze anos sabe que já sabe tudo da vida e não precisa que ninguém lhe venha explicar, aos vinte ainda estava naquele pinta pós-teenager de mostrar que ainda não estava para aceitar assim, de mão dada, as lições do progenitor. É por isso que espero não calhar com filhos de cromossomas Y, estou mesmo a ver os putos a fazer-me passar aquilo que fiz os meus pais aturarem, é coisa para a qual não me estou a ver com pachorra.

 

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publicado por Rui às 22:37
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Terça-feira, 17 de Junho de 2008

Visionários...

Grande coisa, essa treta da consola da Nintendo, a Wii...

 

Nos bons velhos tempos, com a minha antiga Master System, eu já fazia movimentos idiotas com o comando de cada vez que queria que o Sonic saltasse aquela ponte...

publicado por Luís às 11:52
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Segunda-feira, 16 de Junho de 2008

do eládio ao gabriel

É verdade que não acompanho o Euro e que o destino de Cristianos e c.ª diz-me tanto quanto a importância da cultura da batata no PIB do Uzbequistão, mas graças à selecção os portugueses deixaram de sentir necessidade de fazer figura de patos-bravos em qualquer parvoíce que lhes permitisse serem vistos pelos países europeus, parvoíce essa que geralmente eram os Jogos Sem Fronteiras.

 

E qualquer coisa que garanta que não voltaremos a levar com o Eládio Clímaco a comentar a prestação de equipas que  tinham como objectivo vestir-se como pinguins e carregarem bolas gigantes enquanto enchiam bilhas de água deve ser esfusiantemente celebrado.

 

Até porque já já se sabia que era a república de San Marino que ficava em último lugar.

 

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publicado por Rui às 21:30
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Sábado, 14 de Junho de 2008

o incrível hulk

"Hulk" foi um filme de Ang Lee baseado no herói da Marvel, e eu devo dizer que adorei, tinha as distribuições de porrada do monstrego, metia ali uma complexa relação paternal como subliminar causa do nascimento do monstrego, as sucessões de planos a copiar quadros de banda desenhada eram fabulosas, e em bónus a Jeniffer Connelly como a melhor razão para alguém se tornar um irritadiço bicharoco com meia tonelada. A Marvel considerou que o filme falava demais e fazia de menos, pelo que tratou de reiniciar as aventuras cinematográficas do Hulk com "The Incredible Hulk". Mas se quem acompanha banda desenhada está habituado às parvoíces opções de reiniciar um personagem do zero, quem está de fora pode ficar perdido. "Mas isto não é o Hulk 2?". "Como é que agora é assim se no outro era assado?". "Porque é que ele fugiu se tinham feito as pazes?".

 

Não é um mau filme, é competente, mas raso, superficial, sem toques de empatia como as relações de "X-Men II" ou a espectacularidade de "Iron Man". O início, nas favelas do Brasil, dá uma refrescante mudança de cenário dos laboratórios e dowtown Manhattan tão queridos aos filmes de super-heróis, e nem insulta o espectador ao meter os brasileiros a falar inglês, pelo que Bruce Banner aprende mesmo português e ensaia macarrónicas frases no idioma do Padre Vieira. Claro que não tarda o regresso do bom doutor aos E.U.A., pela promessa de uma cura, para receber beijinhos e miminhos da amada, bem como sopapos de um monstrego igualmente forte e mais feio ainda. O típico filme de acção, mas sem problemas, não se espera uma profundidade de Shakespeare, os efeitos especiais permitem os níveis de destruição que se querem ver, e há por ali um ou outro piscar de olho a quem conheça as histórias originais. Edward Norton é que não assentou bem, a intensidade do actor cai muito melhor em neonazis violentos e revolucionários com dupla personalidade do que cientistas neuróticos, pelo que fica tão deslocado como os Metallica a cantarem Queen. E nem falar de Liv Tyler, que não é bonita, nem boa actriz, e passa o filme a choramingar "it's OK", pelo que podiam meter um gravador com uma imagem da Jeniffer que até daria melhor efeito.

 

 

 

E outra coisa, a última vez que verifiquei, o Hulk tinha força para abalroar comboios em alta velocidade e aguentar aviões com as turbinas ligadas no máximo. Quem teve a brilhante ideia de o meter com tantas dificuldades a livrar-se dos homenzinhos fracotes e a lutar com armas improvisadas? Juro que nem uma sequência com piruetas slow motion à lá Matrix faltou por ali! Mas pronto, não adormeci na sala, o sinal básico para não dar o dinheiro por desperdiçado, e o final até reserva o ultimate piscar de olhos, quando o próprio Tony Stark aparece a falar de "uma equipa", uma referência aos Vingadores que a Marvel anda a espalhar pelos seus filmes. Se bem que qualquer ideia de um filme desses acaba por ser fútil, porque o melhor filme dos Vingadores já foi feito nos volumes de The Ultimates.

 

 

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publicado por Rui às 18:14
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Sexta-feira, 13 de Junho de 2008

o sexo e a cidade de santo antónio

É um facto que a masturbação não é tão satisfatória quanto o sexo, e lá porque o Woody Allen conseguiu a proeza, nada desprezível, de juntar na mesma película a Scarlett Johansson e a Penélope Cruz a realizar certas e determinadas actividades (ainda não vi, mas estou a imaginar e confesso que que parece bastante interessante), não deixa de ser um palerma ao dizer que um a masturbar-se é um a fazer amor com quem mais ama, uma citação tanto mais parva por, nomeadamente e mormente, a masturbação não incluir determinadas variáveis pelas quais se nutre particular interesse e admiração, como por exemplo, seios. A se pergunte o porquê de uma tão profunda reflexão, a verdade é que estive ontem nas festas populares de Lisboa. 

 

Jantei no Santo António, e repare-se que após oito horas sem comer, até me podiam ter servido larvas da mosca tsé-tsé embebidas naquela gosma que escorre das aranhas quando são esmagadas, que me sentiria como se num festim de Baco. A não ser, é claro, que o restaurante achasse boa ideia servir sardinhas com batata frita (?), e uso a palavra "sardinhas" com a mente o mais aberta possível, sem broa, sem pimentos assados, sem saladas, sem gelo na sangria, com a cerveja quente, as padas tão rijas que se podiam assentar para começar a construir o Fort Knox e o doce coagulado. E se não me sentisse como numa colonoscopia sem anestesia, até valia a pena ouvir o empregado, que as sardinhas eram mesmo assim, que o pão já tinha saído do saco assim, que os ovos do doce não tinham sido mexidos como adeve de ser, que tudo aquilo era causa da hora tardia. Alô, restaurantes da Baixa Chiado!, é uma noite em que o mínimo de esforço saca mais que um mês de trabalho, e armados a parvos ficam-se por um serviço que nem no tasco das pielas do liceu, e olhem que estamos a falar de um sítio se servia o gelado com mãos de sujidade entranhada por baixo das unhas.

 

Encheu? Encheu, sim senhor! Saí tão farto que me agoniava cheirar as febras e entremeadas que se brasavam por Castelo e Alfama, e nem ao chegar a casa me deu para a torradinha de final da noite. Agora, satisfez? Ia dizer, num sentido metafórico altamente impressionante pela versatilidade e imaginação, que esperava que o tal jantar fosse nada menos que o equivalente a uma sessão de sexo louco e apaixonado, e teria acabado por ser como uma inconsequente sessão manual, não fosse ter pecebido que paguei por aquilo, e estamos a falar num preço em que famílias inteiras vivem com menos por mês, pelo que acabei como o cliente a pagar à meretriz. E não uma menina de luxo como se vê nas notícias dos senadores dos E.U.A., mas mais na linha das velhas da variante de Cacia em Aveiro, desdentadas e com uma verruga no nariz com três pêlos espetados.

 

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publicado por Rui às 23:00
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Pecaminosidade Capital...

Custa-me chegar a esta altura do ano e começar a olhar para os anúncios de emprego no jornal e só bater em coisas fantásticas como "Procura-se Comercial" ou "Precisa-se Comercial" ou até mesmo "Comercial Procura-se"...

 

E, quando vou a ver, desfolhei o jornal até ao obituário e, sinceramente, com tão variadas e nada precárias ofertas de emprego, quase dá uma pontinha de inveja de quem figura em tão mórbidas páginas...

publicado por Luís às 09:41
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Quarta-feira, 11 de Junho de 2008

Kame-Hame-Ha...

Mostrei esta foto a um aluno meu. Não tem montagens nem cortes. E é uma sensação absolutamente transcendental ver o olhar de uma "criança" com treze anos que fica a acreditar PIAMENTE que o seu professor de EVT veio de outra galáxia e que a razão pela qual não se senta nas aulas não é um sentido de dever aguçado mas sim a existência de uma cauda felpuda... Qualquer dia conto-lhe a verdade...

 

publicado por Luís às 16:22
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Segunda-feira, 9 de Junho de 2008

Reencavinhamentos

É verdade que o meu retorcido coração se recusa a deixar as pessoas a menos que um braço de distância, mas mesmo assim não deixa de ser um factor de alguma arregalação de olhos que a melhor maneira de definir o meu novo local de trabalho seja como "beijoqueiro". Não que seja um paraíso de seda e nenúfares onde os patrões abanam suavemente folhas de palmeira aos empregados enquanto lhes servem mel e néctar porque, enfim, é Trabalho, há chefes e responsabilidades e folhas de salário e marcações de férias. E exigências profissionais que obrigam a lidar com o tipo de pessoas que fazem bater na testa com a palma da mão, e casos tão macabros que o seu relato teria um impacto semelhante ao de um despiste de um camião-cisterna de gás lacrimogénio no meio do concerto dos Metallica do Rock in Rio (já que um cobrador profissional tenha o nome de, e juro que não estou a inventar isto, sr. Chulo, quase que destrona o sr. Carlos Mariquinhas, professor de Geografia, do título de mais irónico nome profissional).

 

Mas recordam-se no secundário ou faculdade, onde na turma havia sempre uma rapariga que era irresistivelmente adorável e de quem toda a gente gostava? E como essa rapariga tinha sempre a extraordinária capacidade de distribuir beijinhos e beijocas por todos sem que isso parecesse demasiado promíscuo? Agora imaginem seis ou sete desses exemplares, entre rapazes e raparigas, num local de trabalho, e começam a ter uma ideia do meu nível de estupefacção perante tantos beijinhos, ósculinhos e amplexinhos. E eu que ainda sou do tempo o director a entrar sala adentro era garantia da descida de temperatura muito abaixo do zero.

 

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publicado por Rui às 20:32
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