Terça-feira, 30 de Setembro de 2008

Emigrado...

Gosto de ouvir os professores. Gosto de ouvir os meus "colegas" que estão a leccionar no Continente. Tenho ouvido coisas fantásticas como, se estou a dar aulas na Região Autónoma dos Açores, não é justo que, anos depois, volte a tentar concorrer para o Continente e passe à frente de todos aqueles que ficaram por suas casas a ensinar. Tenho ouvido coisas do género do tempo de serviço que se acumula nas Regiões Autónomas não deveria contar para efeito de carreira. Que deveria ser outro sistema...

E é nesta altura que eu, do alto dos meus quase cinco anos de blog, e outros tantos de ensino (coisa pouca, bem sei), digo por aqui algo pela primeira vez e do fundo do coração: "Fodei-vos, vós que assim falais." Digo isto com o maior dos respeitos, desde logo visível pela deferência da segunda pessoa do plural. Mas digo-o. Porquê? ... Porque é bem simples dizer tais coisas daí, do quentinho da casa, onde também já estive a trabalhar. Não me estou a queixar, fiz o salto para trabalhar aqui porque o quis. Só a fruta que cai da árvore é que dá nova planta. Mas (e pela primeira vez venho com este paleio bem católico de bater no peito e afins) não dar valor a quem faz esse sacrifício é apenas entristecedor. Lá chegaremos ao dia em que tal vai acontecer, bem sei, é o caminho que as coisas tomam. Mas por enquanto...

Estar por aqui põe muitas coisas em perspectiva. Posse, por exemplo. Possuir coisas, comprar DVD's, ter uma colecção gira de CD's ou jogos, ter mais que dez mudas de roupa é absolutamente ridículo. A minha Vida tem limite de peso e são 25 a 30 kilos. Qualquer coisa além disso é para deixar para trás. Quando compro roupa penso no peso que esta tem. Quando compro um CD, ripo-o para o computador e rezo para que nada me aconteça ao mesmo. Compro um jogo original e tenho que procurar o crack como se fosse copiado porque não tenho hipóteses de andar com os discos atrás de mim.

E quanto ao estar cá... Tive que alugar, desta vez, uma casita térrea numa vila perto de onde trabalho. A vizinhança da escola não tem nada mais além de uma mercearia. A casita tem grilos que gostam de passear no meu cesto da roupa suja e ratos do tamanho de coelhos que fazem sapateado nocturno por cima do forro do telhado. Caramba... Estas coisas têm que valer de alguma coisa quando se tenta depois fazer o salto para o Continente...

Quanto aos ratos, por aqui nem se encontra veneno para tentar tratar deles. O mais certo é deixar um pedaço de pão ao ar até este apanhar bolor e depois enfiá-lo em algum dos buracos da casa. Pode ser que tenha sorte e os meus inquilinos roedores sejam alérgicos à penincilina...

publicado por Luís às 00:56
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Domingo, 28 de Setembro de 2008

da paixão

Quando leio a Caras sinto que o mundo está cheio de pessoas tão fabulosas e com tantas virtudes que só me fazem sentir ainda mais a minha longa lista de incapacidades. Logo para começar, sou um nervoso crónico incapaz de manter a calma mesmo que estivesse num retiro espiritual a partilhar o quarto com o Buda e o Dalai Lama, uma triste característica que me faz, em momentos de grande tensão, disparar a primeira coisa que me vêm à cabeça, algo que as minhas ex-namoradas estarão agora a ler e a concordar com um suspiro, ou com uma gargalhada sarcástica, depende das saudades que tiverem de mim.
 

Ainda no outro dia lia alguém admitir que tinha uma doença crónica e como era uma oportunidade de se conhecer melhor e de ajudar a viver melhor a vida. A última vez que verifiquei, i.e., há dois segundos atrás, uma doença crónica tinha coisas chatas, dores e sequelas desagradáveis de me fazerem correr para a casa de banho ao primeiro sinal de alarme, porque o malvado do Crohn tem a sua própria agenda de me lixar a cabeça a cada oportunidade e altura menos apropriada. Por exemplo, durante esta semana teve início uma guerra nuclear nos meus intestinos e, num daqueles twists irónicos que me fazem passar por isto mas não me fazem ganhar o Euro Milhões, não tinha papel higiénico e muito menos os necessários dez minutos para ir num instantinho ao Pingo Doce da esquina equipar-me com o necessário material, pelo que me socorri de um livro da Margarida Rebelo Pinto para a limpeza dos despojos daquela guerra.
 

E dizem-me, Rui Pedro, que nojo, como é que alguém pode usar um livro para algo tão baixo, tão reles, tão sujo! E eu concordo, mas não fui eu que imprimi o coitado do livro com histórias da Margarida Rebelo Pinto, por isso culpem o editor. Os mais atentos irão dizer, não penses que te escapas, grande merdolas, tinhas um livro da Margarida Rebelo Pinto em casa, essa é que é essa! Fiquei com ele porque a marca de dez euros na capa convenceu-me que era o que me iam pagar para o ler, é um preço muito baixo para uma tortura dessas, mas sempre fui um barato. Se me pedissem para limpar uma estrebaria na qual as vaquinhas tivessem sido alimentadas durante uma semana com uma rigorosa dieta de feijões e chili, iria reclamar, todo ferido na minha sensibilidade máscula, que não senhor, nem pensar, alguma vez!, excepto se o pedido fosse feito por uma menina que me tocasse com a mão no braço e desse um sorriso enquanto inclinasse a cabeça, caso no qual eu iria perguntar se também queria que desse uma passagem de lixívia e frescura ambiental.

 

Bem, mas não só não recebi o dinheiro, como ao sair da livraria aquilo desatou a fazer uma chiadeira e vieram a correr atrás de mim, a gritar que eu era um ladrão e que era eu e gente como eu a causa de o país estar como está. Pirei-me logo dali, porque mesmo com toda a minha nobre e inatacável inocência, aqui em Portugal acontecem coisas feias às pessoas que vão para a esquadra, como serem decapitadas ou levarem com um balázio de algum tarado que anda a jogar demasiado GTA e acha que entrar aos tiros num edifício da polícia é uma linda coisa de se fazer. Pelo menos isto do Crohn aguça o sentido de velocidade e já me tornou um Usai Bolt dos centros urbanos, pelo que não foi difícil despistar aquela cambada de tarados que exigiam que pagasse pelo livro da Margarida Rebelo Pinto. Pagar por um livro da Margarida Rebelo Pinto é conceito tão bizarro quanto alguma vez o Pedro Santana Lopes chegar a pimeiro-ministro de Portugal sem sequer ir a eleições, é coisa que não tem sentido nenhum. 

 

Afinal, lá me explicaram que não, tinha mesmo de pagar pelo raio do livro da Margarida Rebelo Pinto e que aquilo que eu tinha feito era um crime, e se ainda tentei explicar que isso era uma parvoíce sem nexo nenhum, os argumentos da outra pessoas, onde se incluiu tocar-me com a mão no braço e inclinar ligeiramente a cabeça com um sorriso, tiveram a proeza de me convencer que desta vez estava errado. A moral de toda esta história é que a dez euros por um punhado de folhas sem qualquer capacidade de absorção,  esta Margarida Rebelo Pinto tornou-se o papel higiénico mais caro da minha vida.

 

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publicado por Rui às 19:57
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Quarta-feira, 24 de Setembro de 2008

não, ainda não me fartei

Lisboa é uma cidade que não se consegue decidir. É como aquelas pessoas que estão no supermercado a tentar decidir  se levam um pacote de farinha fina, de farinha extra-fina, ou de farinha agora ainda mais fina, e a acreditar que deve haver uma diferença espectacular entre todas elas. Há quem diga ó sim, que cidade fascinante, e a história e a tradição e a cultura!, mas da última vez que fui ao Pingo Doce não fiquei assim tão maravilhado com o raio da mulher que se tinha colocado num ponto estrategicamente colocado que me impedia de chegar à Maizena sem me fazer soltar um com licença. Se não toleramos isso com este género de gente, porque é que com Lisboa deve ser diferente?

 

Ir para o trabalho todas as manhãs é como estar na história do Arlequim, o menino tão pobrezinho que fez um fato de Carnaval a partir de retalhos, porque é isso que esta cidade me faz lembrar, um manto de retalhos, perdido entre as grandes cidades europeias e a aldeia dos meus avós. Ao sair de casa reparo que por aqui ninguém se senta descansado a tomar o pequeno-almoço na pastelaria, mas sim de pé, ao balcão, a enfiar o queque para baixo com o último trago do café, a falar ao telemóvel e a ler o jornal gratuito, a consultar a agenda e a pagar em nota de cinquenta euros, e tudo ao mesmo tempo, que eu já vi. Enquanto os senhores de fato e gravata tudo fazem para serem dinâmicos e pró-activos, do outro lado da lua fica o Pai Natal, o mendigo de barbas brancas que passa os dias a berrar, para ninguém em geral ou para todos em particular, parvos, paneleiros, cabrões de merda. Logo após fica uma mercearia de bairro instalada à esquina, onde a dona conhece os clientes pelo sr. Jaquim e pela sr.ª Manela, e onde se faz o fiado que é anotado num caderninho e pago ao fim do mês. A porta logo a seguir a esse tão português momento é uma sex-shop, completa com manequins em tangas de leopardo e filmes para adultos vinte e quatro horas por dia. O som muito recôndito da minha infância, da gaita-de-beiços de um amolador de facas a anunciar os seus serviços enche o ar, enquanto é cortado pela buzina de Mercedes SLR que não tem espaço para passar. Para quem, como eu, não percebe patavina de carros e acha que jantes são aquelas alavancas que se usam para reclinar os bancos, esclareço que um SLR é dos carros mais caros e elitistas que estão nas estradas portuguesas e que existem talvez uma meia-dúzia deles em todo o país. E ainda no outro dia apanhei algo que já nem recordava que existisse, um vendedor da lotaria, completo com um molho de talões na mão e o brado de andar à roda dia vinte e três. Ou ando desactualizado, ou abriu-se uma fenda no continuum espaço-temporal que anda a soltar cá para fora este género de coisas.

 

Mas talvez Lisboa não seja como uma daquelas pessoas, mas como o Coiote dos desenhos animados do Papa-Léguas. Sim, aquele pobre esfomeado que estava sempre a torrar fortunas nas engenhocas da ACME para conseguir apanhar o Papa-Léguas em vez de aproveitar para mandar vir refeições do El Bulli ou até do Burger King. Mas estão a ver aqueles momentos em que o Coiote ficava preso entre duas montanhas, os pés agarrados a uma e as mãos fincados a outra, e a gravidade começava a fazer das suas?  É assim Lisboa, uma esfomeada agarrada a duas montanhas, nos pés a tradição e a história, nas mãos a modernidade e o avant-garde. E assim como com o pobre canino, não podemos deixar de simpatizar com as tentativas desta cidade em tentar, tentar sempre, ainda que pudesse evitar gastar fortunas em parvoíces e ser um pouco mais inteligente. Mas pelo menos espera-se que não se deixe cair lá de cima, com a aparatosa queda no chão a levantar uma nuvem de pó.

 

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publicado por Rui às 21:59
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Domingo, 21 de Setembro de 2008

mais horas

"Sim, bom dia, estou a falar com o sr. Rui? Sr. Rui, sim, daqui fala da Bloquito Produções, sr. Rui, sim, recebemos o seu currículo e, sr. Rui, sim, queríamos saber se está disponível para falarmos! Sim, sr. Rui, pode ser amanhã, às dez e meia?"

 

Yaba-daba-doo, pensei, uma entrevista de emprego, mais uma oportunidade de me sentar em frente a quem não conheço de lado nenhum para soltar frases de efeito previamente ensaiadas, como admitir que, após vasculhar o mais podre da minha alma, o pior defeito que eventualmente posso ter é ser muito teimoso. Vou estar a mentir, mas já lá vão os tempos em que acreditava que apenas por ser muito bonzinho seria recompensado com um óptimo trabalho e sexo espectacular. Se a lição que a infância me ensinou foi a de ter princípios, a lição que a Vida ensinou à minha infância foi que quando ela, a Vida, entra porta adentro, os princípios saltam janela fora.

 

Por exemplo, aconteceu há pouco tempo terem feito um elogio do catano ao Bloquito, e não estou a exagerar ao dizer que foram muitas linhas no Messenger a falar das gargalhadas a cada novo artigo, da fluidez do texto, dos pormenores tão bem enquadrados no âmbito geral, das referências de cultura pop. As maltas espirituais até podem achar que o ego é a causa de toda a infelicidade da Humanidade, mas maltas espirituais também acham que a Vida é o melhor que existe, e depois a Vida tem coisas como a nana-san-ichi butai, que, e apesar do nome altamente foleiro levar a pensar de outra maneira, não é um novo pokémon. Portanto, sim, o meu ego elevou-se um poucochinho, sendo que abro aqui um parêntesis para reflectir como poucochinho tem de ser uma das palavras mais imbecis da língua portuguesa, reflexão após a qual encerro os parêntesis. Mas, a esta altura do campeonato, e já lá vão mais de quatro anos de Bloquito, não seriam justas as aspirações que fosse, sei lá, a Adriana Lima a fazer-me tal declaração, num momento de inacreditável poesia e sublevação, com pétalas de rosa e violinos de Beethoven, que me faria cair de joelhos em amor amor eterno? Claro que se a Adriana Lima me enfiasse os dedos nos olhos e uma joelhada nas partes baixas, que é o cenário mais provável, mesmo assim eu iria cair de joelhos em amor eterno. Mas não só não foi a Adriana a dizer-me, como ainda para mais esse tipo de elogios são tão raros que até me sinto na obrigação de os partilhar quando acontecem. O que costumo ouvir passa mais pelos típicos, vai mas é trabalhar!, ou, se te deixasses de gatafunhos e estudasses!... Mais, ainda no outro dia me admitiram que não iam ver o Wall-E pelo que eu tinha escrito, e se influenciar jovens e virginais mentes para os meus retorcidos propósitos parece ser um óptimo primeiro passo para o meu grande objectivo de dominar o mundo, a verdade é que depois de sair do cinema passei tantas horas a encontrar as palavras certas para explicar como deviam largar tudo o que estivessem a fazer nesse momento, com possível excepção se esse tudo incluísse qualquer actividade com a Adriana Lima, e correr para o cinema para conhecer o robot da Pixar! Dizerem-me que não, não vão porque consegui consegui a proeza de as convencer a fazer exactamente o contrário, é cruel. É sádico. É uma sessão completa de etiqueta e boas maneiras com a Paula Bobone.

 

Não estou aqui a lamentar-me da infelicidade do artista na altura da Criação, porque percebi há muito, com a rara argúcia e fino recorte técnico que me são característicos, que o lobby da muito superior capacidade, inteligência, dedicação e talento, é quanto basta para convencer as pessoas lerem e comentarem ó, sim, é maravilhoso, que profundidade!, como acontece com o António Lobo Antunes na Visão. Se lerem o que eu escrevo, resmungam que palerma!, ou quel idiotte!, se forem franceses, e mudam de página. Também percebi há muito que isto da escrita, como em tudo o resto neste país, sem cunhas não vai lá. Mas repare-se como em apenas meia-dúzia de linhas por aqui diz desfilar sentidos desabafos das complexidades contemporâneas, reminiscências da vida infantil, intricadas reflexões políticas e sociais, laivos de cultura pop com ligações aos mais conceituados representantes, e referências a uma das épocas mais negras da Humanidade que não incluiu as palavras "nazi" ou "fátima felgueiras", e com tamanha perfeição e harmonia! Se isto não é um óptimo partido, Adriana, tens de começar a baixar os teus padrões, rapariga! Deixa lá essa malta do estrelato e da realeza que isso não te faz bem nenhum.

 

 

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publicado por Rui às 16:31
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Sábado, 20 de Setembro de 2008

coisas sérias

Bonus pater familias é um conceito da Constituição segundo o qual o cidadão médio tem a capacidade de perceber o funcionamento da sociedade e, como tal, não se pode safar das obrigações de lei só porque não as conhece. Se, por exemplo, me desse para nunca mais meter os pés no trabalho, arriscava algumas chatices em tribunal se não comunicasse à entidade empregadora, por escrito e com trinta dias de antecedência, a intenção. De certeza que o juíz não iria entrar em histórias de mas ó senhor doutor, eu lá sabia que isso era assim!, e me iria condenar a um castigo de requintes extraordinariamente sádicos, como ter de ver um episódio completo do Anatomia de Grey. A não ser, é claro, que eu fosse jogador da bola, caso no qual sempre teria a opção de ir choramingar para a televisão como estava a sofrer tanto porque queria ir embora e não me deixavam, e nesse caso, não só o tribunal não me iria chatear, como ainda teria dezenas de maluquinhos a apoiar qualquer parvoíce que dissesse.

 

Após este curto e penetrante artigo, pleno de inteligência e capacidade, à qual nem faltou uma expressão em latim e uma subtil piscadela de olho à crítica social, a programação segue de momentos.

 

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publicado por Rui às 10:32
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Sexta-feira, 19 de Setembro de 2008

À sexta, dá...!

Parece que a Sexta-Feira será amiga de posts de Blog Maior. Este, portanto...

É fantástico procurar um sítio para morar numa terra como a cosmopolita Furnas, ilha de S. Miguel. Excepto dois papelitos na janela do pub local, não se via anúncios de casa em parte alguma. Poderia haver numa vitrine num hipermercado. Não os há. Podia haver nas páginas do jornal local. Não o há.

Graças aos deuses tinha a orientação de alguns continentais praticamente já locais que me apontaram na direcção certa: a velhota local que sabe tudo de todos. Os próprios senhorios nem anunciam as suas casas pois sabem que a Dona Benta trata de tudo. Terá a senhora alguma comissão/pagamento? Não. Fará ela o que faz por solidariedade católica? Também não. Tirará ela algum outro tipo de dividendo? A resposta é sim. Nada de especial mas quase se consegue ver a curiosidade da senhora a comer cada uma das palavras da nossa vida pessoal que somos obrigados a arremessar na sua direcção. O produto de tal alimentação é o chorrilho de cassas que ela "tinha" para alugar mas que já não tem, porque já lá está uma senhora professora de Braga ou um casal que nem é casado nem nada... Quando se consegue passar por essa parede de casas que não estão disponíveis para alugar, chegamos às que estão disponíveis. Poucas, caras... Lá consegui uma casita térrea, perto das nascentes de água férrea quente... Entre aulas e banhos destruidores de fato de banho, cá andarei...

publicado por Luís às 15:38
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Quarta-feira, 17 de Setembro de 2008

Teorema

Se ouvirem alguém ao telemóvel a dizer a frase "sim, já jantei", não tenham dúvidas: é com a mãe que está a falar.

 

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publicado por Rui às 20:36
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Segunda-feira, 15 de Setembro de 2008

... de tocar ...

Guitar Hero é um jogo no qual se apresenta uma música e se pressionam os botões na ordem correcta para simular os acordes da guitarra. É uma daquelas ideias tão simples que, com o sucesso para lá de parvo que o jogo anda a fazer, deve ter deixado todas as outras editoras a bater com a mão na testa e a choramingar como é que ninguém aqui se lembrou disto antes. Os maluquinhos de plantão já berram que é o fim da música, porque quem tivesse interesse em tocar guitarra, e eventualmente evoluir para uma vida de estrela rock com dinheiro a todos e sexo constante, irá antes preferir ficar a carregar em botões enquanto se masturbam e vivem da mesada dos pais. Este tipo de argumentação faz-me pensar que também deve haver quem ache que os vídeos que certas pessoas insistem em me enviar para o e-mail, repletos de saudáveis jovens que inexplicavelmente perderam toda a roupa e se encontram em actividades de determinado interesse com outros jovens, serão os responsáveis pela extinção da Humanidade, porque todos irão preferir ficar a ver sexo em vez de o praticar. Agora, chamem-me Velho do Restelo ou antiquado, mas enquanto esta coisa do sexo virtual não incluir coisas como manuseamento de seios e afins, não estou a ver que me vá ter como um grande adepto. E espero que ninguém venha com ideias bacocas de bonecas insufláveis ou semelhantes, porque ficarei seriamente desapontado. Guitar Hero é que pode não apresentar um impressionante decote, mas se é para me fazer perder o tempo a carregar em botões, que seja com uma banda sonora a incluir Metallica, Guns N' Roses, Pearl Jam, Slipknot, Rolling Stones, Santana, entre outros. Até vão agora lançar uma edição especial, Guitar Hero: Aerosmith, apenas com músicas da banda do Steve Tyler, mas em relação a isso, vou deixar o meu entusiasmo para a vindoura Kalachakra Hero: The Blasted Mechanism Edition.

 

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publicado por Rui às 20:21
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A única forma...

Sinceramente, considero o jogo Guitar Hero a única forma disponível para comuns mortais como eu chegarem perto da sensação que divindades guitarrísticas dedilhadoras terão quando carregam naquelas cordas no ritmo e alturas certas de forma a produzirem aqueles riffs e acordes que arranham a garganta por dentro e por fora...

Qualquer coisa melhor que isso requer anos e anos de treino numa guitarra verdadeira.

Desvantagem? Só "sabemos" tocar as músicas contidas no jogo.

Vantagens? Ganha-se vida social... Quer dizer... Se não se levar o jogo demasiado a sério... Saber tocar as músicas a quase 100% na dificuldade máxima também não augura nada de bom na linha da fabricação de amizades...

publicado por Luís às 11:26
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Domingo, 14 de Setembro de 2008

MMS #1: Günther - Ding Dong Song

Aconteceu recentemente embriagar-me com as estruturas sinfónicas de Stravinski e do seu Жар-птица, a sinfonia do Pássaro de Fogo, enquanto me embrenhava nas complexidades literárias e filosóficas da autobiografia de Zézé Camarinha, quando me surgiu a reflexão da tão profunda necessidade da Humanidade numa arte que reunisse, simultaneamente, as visões e ofertas artísticas de ambos os vultos. A caneta de Camarinha com a virtuosidade de um Mozart. O virilismo do "Joseph of the Moustache", sem dúvida a recordar um outro ícone da pena, do viril e do bigode, Ernest Hemingway, com as texturas orgânicas de Amadeus Wolfgang. As gajas comidas pelo auto-proclamado último macho lusitano com a intensidade e genialidade do eterno rival de Salieri. Mas esse é um nicho que, graças a Gunther, não mais se encontra por explorar!

 

Mas quem é Günther? As actuais enciclopédias nada revelam, uma posição que, se por um lado pode ser tida como nada menos que ultrajante devido às questões que mais à frente serão apresentadas, por outro pode revelar ainda mais. Será menos um homem e mais um ícone, menos uma amálgama amorfa de carne e desejos e receios e mais um recipiente das maiores e mais nobres aspirações da Humanidade? Aspirações essas, acredita-se, de comer muita gaja. E assim como Buda ou Madonna, também eles imensos ícones, Gunther apresenta-se com um único nome próprio, a reforçar a ideia que é menos uma personalidade individual e mais um receptáculo das aspirações colectivas mundiais, tanto podendo ser o Bodhisattva, quanto o homem do talho. Homem do talho, de quem, aliás, até já foi buscar o ridículo bigodinho e péssimo corte de cabelo.

 

Günther foi-me apresentado através dessa mostra da versatilidade da Humanidade que é o You Tube, e logo aos primeiros acordes a dúvida me assaltou, poderosa, inquietante, profunda: o que seria esse misterioso "tra la la" que tanto atormentava o artista? Como nas mais geniais criações, nunca nos é revelado, sem dúvida para que cada um possa preencher o vazio com as suas próprias vivências e experiências. com um universo das emoções e inquietações tão mundanas e, todavia, tão humanas.

 

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publicado por Rui às 11:57
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