Esta semana vi um homem crescido com uma música da Shania Twain no toque de telemóvel, o que reparei porque ao receber uma chamada não a atendeu de imediato, ficando a olhar para o ecrã enquanto deixava a I'm gonna getcha while I gotcha in sight a correr, o que infelizmente me deixou a mim durante o resto do dia a trautear I'm gonna getcha if it takes all night. Uma vez que o rapazinho não vinha com um atestado de atrasado mental carimbado na testa, perguntei-me se não seria em legítima defesa que lhe podia mandar um soco nas trombas e dois bem sacados pontapés nos rins. Não ia ser boa ideia, Deus ia-me apontar isso à cara quando estivesse às portas do Céu, e como ainda agora estou com o raio da música na cabeça, nada me garante que por alturas em que batesse as botas não estivesse ainda a trautear You can betcha by the time I say go, you'll never say no. E de certeza que Deus, como o pequeno mesquinhento que é, me iria dizer uma coisa tão parva como não puder apontar aos outros aquilo que eu próprio faço.
Esta introdução apenas para explicar que este é então o último artigo no Bloquito(s), o que daria uma oportunidade, à qual não vou recorrer, de uma das mais enjoativas invenções da Humanidade, os discursos de despedida com muitos que orgulho em ter feito parte deste projecto, dei muito de mim mas é altura de percorrer novos caminhos, sou agora uma pessoa mais forte, entre outras regurgitações que não vou repetir porque já sinto aqui um aperto na garganta só de falar. Ainda que, admito, esse aperto possa ser porque este fim-de-semana fui ver os Blasted Mechanism em concerto e, sendo o distrito de Aveiro fiel a si próprio, estava uma ventania desgraçada que me espetou com uma gripe e todos os sintomas associados.
A verdade é que neste Bloquito(s), e na sua versão 1.0, perdi imenso tempo, algum dinheiro, não conheci, ao contrário do que todos os filmes da minha infância e adolescência disseram, uma modelo podre de boazona que se apaixonasse loucamente por mim e pela grande personalidade que revelava no que escrevia, além do toque que foi este maldito artigo, que se recusou a morrer enquanto não o fiz nascer e me deixou dias semanas meses a fio a tratar dele. Sim, se eu fosse um jogador da selecção de futebol, podia escrever um livro inteiro só sobre esse artigo e iria vender milhares. Mas como não sou, deixo em jeito de despedida esta magnífica fotografia, tão vaga e sem sentido que deixará todos os que a associarem com este artigo a reflectir qual será o profundo significado que tem. E a resposta é nenhum, pois claro.