Pode ser que a ignorância seja repulsiva, mas é fascinante encontrar quem está tão mergulhado em frases feitas que por esta altura se deve estar a afogar. Ainda há pouco tempo levei com o sermão de quem achava que a culpa disto tudo era dos branco, porque os branco tinham escravizado os preto, e que por causa dos branco isto estava todo mal, e aproveitei para explicar quem foi o alferes Joaquim Barbosa Neves, que no Brasil colonial conseguiu a carta de alforria, o documento de libertação de um escravo, e não aproveitou para se tornar um activista com o sonho de libertação de todos os irmãos nem para lançar um álbum de hip-hop a declarar-se um anarquista anti-sistema, mas sim para se tornar um mestre de escravos. Uma história à qual a outra parte respondeu com aquela cara de pasmo de quem percebe que o abismo da alma humana pode ser infinito e que, aliás, deve ser a mesma cara que eu faço quando me tentam convencer que fúscia e salmão são cores perfeitamente válidas e que nada têm a ver com o rosa, quando é óbvio que as únicas cores válidas são as seis do arco-íris, e digo seis porque não me venham com histórias que o ciano é cor de gente, qualquer coisa que possa ser descrita como "um azulinho assim clarinho" não pode ser levada a sério. A cor da paixão, do sangue, do fogo, é assim um vermelhinho? Foi o que eu pensei. As únicas cores que se admitem são o vermelho, verde, azul, laranja, amarelo, roxo e, vá lá, rosa, apenas porque elas têm a mania que um bébé fica sempre bem de rosa e se um gajo não concordar passa por bruto insensível e arrisca-se a levar com chatices que não são necessárias.
...continua