Sexta-feira, 2 de Janeiro de 2009

fame! o musical

Fomos então ao Tivoli ver "Fame! O Musical", e começo por apontar, como tanto aprecio fazer, que os bilhetes de teatro em Portugal são, em uma palavra, caros, e em duas palavras, francamente fodidos. Não, não argumentem que teatro é cultura, e que a cultura é alimento para a alma, e que na Rússia preferem passar fome a falhar a nova temporada da ópera de Krasnoiarsk, porque já por aqui referi isto, mas parece que apenas mariquinhas como eu se preocupam com estas questões maslowianas, portanto vamos seguir em frente.

 

"Fame! O Musical", então. Em termos de história não há muito a contar, a seguir a série de televisão dos anos oitenta que cantava i wanna live forever!, na qual os alunos da escola de artes cénicas dançavam nas ruas enfiados em collants colados e tops minúsculos. Reparem que eram eles, os rapazes, a andar nestas lindas figuras, não surpreende que hoje em dia sejam as gerações Morangos com Açúcar a triunfar, porque por mais críticas que lhe possam ser apontadas, são elas, as meninas, que usam tops minúsculos e calças coladas, o que me parece infinitamente mais interessante. A falar na geração Morangos com Açúcar, alguns dos actores marcam presença nesta peça, bem como malta da Operação Triunfo e meninas das Non Stop. Mas, e perguntam, Rui, seu hercúleo exemplar de perfeição humana, tanta conversa sobre a peça, mas afinal vale a pena ver? E a resposta, claro, é que não faço a mínima ideia.

 

É verdade que gostei da peça, os diálogos eram leves e divertidos, as danças animadas, as músicas orelhudas. Mas sou do tipo de pessoa que vou ao cinema a esperar nada menos que um filme de perfeição milimétrica, caso contrário saírei descontente, meneando três vezes a cabeça. Depois de todos os filmes que vi ao longo desta minha vida, torna-se cada vez mais fácil perceber as falhas, que expresso em frases como "ih, mas se alguma vez isto era assim na vida real" ou "ah, aqueles efeitos especiais estavam mesmo mal feitos!". Mas em teatro, que experiência tenho para formar uma opinião? Fui uma vez ao teatro D. Maria II, ver uma peça do José Saramago, e achei tão entendiante que adormeci ali pelo meio. Mas seria entendiante ou falhou-me a capacidade de perceber o que se calhar até era um prodígio de escrita e imaginação? Se calhar os dois, o velhote à minha frente passou boa parte do tempo a roncar que nem um trombone, e no fim meteu-se de pé a aplaudir, portanto talvez haja uma relação entre isto de adormecer no teatro e achar aquilo de uma profundidade espectacular. E nisto do "Fame!", até me disseram que se notava alguma falta de sincronia nos grupos de dança, ao que eu respondi que sim, claro que sim, mas sabia lá se faltava. É como quando estou a ver os campeonatos mundiais de ginástica e caio de joelhos ao ver uma menina lançar um duplo mortal encarpado, considerando como está ali a prova viva da existência de Deus, para depois o comentador da televisão se sair com um "esteve muito mal, má execução, pior sentido de colocação, e aquela posição de braços!, sem dúvida alguma, uma péssima prestação!"

 

A moral em tudo isto é que ao sair do teatro a dizer em voz alta que até gostei muito daquilo, se calhar deixo alguém que me ouça a abanar a cabeça, igualzinho ao que eu faço com aquelas gentes que saem do filme do Vin Diesel a dizer que foi "mesmo altamente!". E que eu possa ser comparado a gentes que gostam dos filmes do Vin Diesel é um pensamento, em uma palavra, assustador, em duas palavras, francamente fodido.

 

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publicado por Rui às 21:07
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3 comentários:
De a menina que foi contigo a 3 de Janeiro de 2009 às 20:07
Pois eu adorei o Fame! E não vou fazer qualquer referência à companhia, já que tu escreveste um artigo inteiro sem me referires :p

Sim, há alturas em que se nota uma certa descoordenação nos movimentos, mas acredito que tenha sido pontual, fruto do cansaço, e nada que a voz do menino FF e da menina Vanessa não façam esquecer.

Por mim, valeu mesmo a pena!


De anonimo a 4 de Janeiro de 2009 às 23:29
Que desconsideração Sir Rui!...


De anonimo a 5 de Janeiro de 2009 às 15:12
Eu estava a dizer que era uma desconsideração pela menina...por não teres falado nela em todo o post, capiche?


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