A principal diferença entre o Homem e Animal é a capacidade extravagantemente absurda que esses humanos alcançam, não só na arte de pensar, quanto na arte de sentir. Enquanto mesmo um cão, talvez a espécie mais próxima de nós, exprime apenas emoções básicas - alegria, medo, tristeza, surpresa, raiva - qualquer pessoa consegue detonar numa explosão atómica de variedades emocionais. Mesmo as expressões mais simples podem ter diferentes graus de intensidade. O susto pode levar ao medo, o medo ao choque, o choque ao terror; o desconforto pode levar à melancolia, a melancolia à tristeza, a tristeza ao luto. E por aí fora.
Apesar disso, é ainda mais provável que duas emoções surjam juntam, tal como duas cores primárias que são adicionadas para criar uma terceira, e sejam expressas. O nojo e a surpresa levam ao "tu comeste isso?!". A empatia e a tristeza a um "ah, puta que pariu, até a MIM me doeu!". A raiva e a surpresa descambam no "¿¡que cojónes!?" - em espanhol, por supuesto, apenas e não só porque estou a aprender a língua, mas porque é de longe a linguagem mais indicada para peixeiradas e afins.
Mais incrível é termos sentimentos acerca dos próprios sentimentos, e emoções em cima de emoções. O adolescente que em vez de tentar afastar a depressão, enfia-se no quarto a fingir que é dor a dor que deveras sente, e a sentir-se bem por se sentir mal. O desconhecido que manda um espectacular tralho à nossa frente, o que nos faz disfarçar uma gargalhada e sentir mal por nos estarmos a rir. Há, de facto, um imenso universo de possibilidades em todas estas complexidades da Emoção.