O bullying é assim um fenómeno que anda a despertar a atenção dos especialistas. Especialista é isto: descobre algo que sempre existiu e dá-lhe um nome integrado e sustentável. A partir daí ganha a vida como "o pai disto" ou o "mais respeitado investigador daquilo". O bullying é aquela moda, que sempre existiu, de massacrar quem fosse mais feio, mais tótó, ou que de alguma maneira mais se destacasse da multidão (e se a maneira de se destacar na multidão podia ser extensa: usar óculos ou aparelho dentário, ter borbulhas ou espinhas, com altura ou peso a mais ou a menos, demasiado bonito ou demasiado feio, etc, etc, etc.). Agora, |activar modo de demagogo foleiro|, sim, porque o bullying é uma das mais preocupantes tendências da sociedade contemporânea, à qual urge encontrar soluções integradas e sustentávels, sob o risco de deixar as vítimas escalarem numa espiral de violência e degradação |desactivar modo de demagogo foleiro|, mas o mais certo é que qualquer pessoa saudável leva com um bully, mais tarde terá oportunidade ele próprio de se tornar um, e com um crescimento integrado e sustentável, acabar por livrar os mais pequenos daqueles que os atormentam, dando-lhes a eles a oportunidade de se tornarem um bully e assim dar continuidade à grande roda da vida que é a escola. Não para os especialistas, para quem qualquer vítima fica logo traumatizada, a precisar de tratamento psicológico e um viciado em Prozac e o Seroxat incapaz de se relacionar com as pessoas, para sempre! Daí a um Seung-Hui Cho não tarda.
Agora, o que faltou ao Bin Laden e ao assecla Ayman Al-Zawahiri, lá enquanto andavam pelos liceus das Arábias, foi alguém que lhes mandasse uns quantos cachaços. Quem leva com um bully, se tiver um mínimo de esperteza, aprende a metê-lo a correr. É catarse: ao saber afastar os agressores, aprende também a afastar os fantasmas que fizeram, em primeiro lugar, com que tivessem de levar com as chatices. E podem seguir a vida, sem ficar a pensar em vinganças e coisas feias. Mas os senhores da Al-Qaeda eram os perfeitos tótós: filhos de papás ricos, bons alunos e maus desportistas, Bin Laden era frágil e de modos suaves, Zawahiri não teve uma única namorada até aos trinta anos. E se gostavam de inventar histórias! Além de todas aquelas parvoíces de andarem a servir a vontade de Deus, lá o Bin, quando levou com um bombardeamento soviético no meio do Covil do Leão, ficou tão borrado de medo que desmaiou em pânico - e, no entanto, foi dizer que em tamanha paz espiritual que até adormeceu. Quanta gente vi eu a levar umas rasteiras nas aulas de Educação Física por inventar muito menos! Tivessem estes senhores levado com um massacrante chorrilho de graçolas sobre as suas performances sexuais, e teriam aprendido a libertar-se de pensamentos mesquinhos e de outras ideias feias. Como nada disso aconteceu, aí está o mundo como está.
Nota: por feliz coincidência (e se o Bloquito é feito de felizes coincidências!), o título deste artigo acabou por se assemelhar a "Bully For Bugs", uma daquelas obras-primas de cinco minutos que o Chuck Jones disparava à mesma velocidade com que neste recanto se atiram patacoadas de parvoíces. E se isso não basta para vos convencer da genialidade deste Senhor - assim mesmo, com S maiúsculo - apanhem a sequência em que Bugs aparece com a "El Jarabe Tapatío", a dança do chapéu. Por favor, uma pausa para sete minutos e doze segundos de transcendência espiritual...